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domingo, 16 de junho de 2013

Darwin é acusado de se apropriar de ideias de Wallace

Artigo questiona se Charles Darwin se beneficiou do acesso privilegiado às ideias inéditas de Alfred Russel Wallace que acabaram sendo fundamentais para a conclusão da obra Origem das Espécies.



Considerado como um coadjuvante no descobrimento da Teoria da Evolução, Alfred Russel Wallace pode ter tido um papel muito mais proeminente, sugere um artigo de Roy Davies recentemente publicado na revista Biological Journal of the Linnean Society. Baseado em uma análise cronológica da produção científica de Wallace e Darwin e das correspondências trocadas pelos pesquisadores entre si e outros colegas, Davies questiona o pioneirismo individual de Darwin e sugere que ele pode ter se beneficiado das ideias de Wallace sem o devido reconhecimento e crédito.

'A Brazilian Forest, with characteristic Mammalia'. Figura do livro The Geographical Distribution of Animals (Wallace, 1876).


Diferentemente de Darwin, Wallace sempre valorizou a importância da geografia na compreensão da diversificação biológica no planeta, sendo considerado o fundador da biogeografia histórica. Em 1848, Wallace partiu em direção à sua primeira grande experiência em uma viagem para a Amazônia brasileira junto com Henry Walter Bates para aprofundar seus estudos em história natural e investigar a origem das espécies. Ele estudou aves, macacos e borboletas em seus habitats naturais e percebeu que barreiras físicas, como os rios da Amazônia, limitavam a distribuição de muitas espécies próximas.

Arquipélago Malaio. Repleto de ilhas de variados tamanhos, o arquipélago forma um ambiente promissor para a diversificação das espécies, dificultando a dispersão de indivíduos e favorecendo o isolamento reprodutivo.


Após quatro anos na Amazônia, Wallace deixou o Brasil em direção à Europa com espécimes e uma interpretação recém concebida sobre a origem das espécies, mas por um capricho do destino praticamente todo o material coletado se perdeu em um barco afundado em pleno Atlântico. Se o período na Amazônia sugeriu a Wallace a importância dos rios como barreiras na diversificação da biota, foi no sudeste Asiático onde ele levou essas ideias além e desenvolveu sua interpretação sobre a evolução biológica e sua expressão geográfica. Em 1855, Wallace publicou um artigo debatendo a importância da extinção e descendentes com modificação como elementos fundamentais no processo de mudança das espécies ao longo do tempo, que ficou conhecido como 'Lei de Sarawak'. No ano seguinte, Wallace publicou um artigo sobre aves discutindo a ideia dos descendentes com modificação, inevitavelmente se firmando como um problema iminente ao pioneirismo de Darwin.


Em 2013 se comemora o centenário da morte de Alfred Russel Wallace (English Heritage).


Wallace escreveu poucas cartas para Darwin, mas a análise de Davies ressalta que o conteúdo de duas cartas contendo suas principais ideias tenha sido determinante para Darwin complementar seu trabalho. Os fatos indicam que Darwin foi rapidamente incorporando essas ideias de Wallace, tendo escrito mais de 60 páginas após o conteúdo privilegiado ter chegado pelo correio. Darwin alegou um atraso de 4 meses para a primeira e 2 semanas para a segunda carta de Wallace, mas segundo Davies os registros históricos dos correios na Inglaterra indicam que ele funcionava perfeitamente bem e as chances de um atraso longo e repetido nas duas cartas de Wallace é mínimo. Até então as ideias publicadas por Darwin não eram convincentes, mas a publicação da Origem das Espécies em 1859 mostra que a incorporação dos conceitos apurados por Wallace anos antes foram imprescindíveis para a abrangência da teoria. 


Veja o artigo na íntegra:

terça-feira, 21 de maio de 2013

Wallace online

Em 2013 fazem 100 anos da morte de um dos maiores naturalistas da história, Alfred Russel Wallace. Co-autor da "teoria da evolução", Wallace também é considerado um dos pais da Biogeografia e foi pioneiro na observação de padrões espaciais de distribuição da diversidade biológica na bacia Amazônica. Em 1852 ele publicou um artigo intitulado "On the monkeys of the Amazon" na série Proceedings da Zoological Society of London, no qual introduziu a hipótese de rios como barreira para distribuição de espécies na Amazônia. Em especial, destacou o papel dos rios Negro, Amazonas e Madeira como barreiras geográficas para a distribuição de macacos.


Este e outros trabalhos são frutos de uma viagem que o naturalista iniciou aos 25 anos na floresta Amazônica viajando pelos rios Amazonas e Negro entre 1848 e 1852. Wallace observou e descreveu alguns costumes dos povos indígenas e das cidades por qual passou, e realizou extensa coleta e documentação de dados sobre a biodiversidade de espécies. O relato completo desta viagem pode ser lido no livro "A narrative of travels on the Amazon and Rio Negro".


" An earnest desire to visit a tropical country, to behold the luxuriance of animal and vegetable life said to exist there, and to see with my own eyes all those wonders which I had so much delighted to read of in the narrative of travellers, were the motives that induced me to break through the trammels of business and the ties of home, and start for 
'some far land where endless summer reigns '."
(prefácio de "A narrative of travels on the Amazon and Rio Negro", A. R. Wallace - 1853)

Diversas publicações e ilustrações científicas de Alfred R. Wallace estão atualmente disponíveis online para download em http://wallace-online.org/.