Dia 21 de setembro, Sexta Feira
15hs
Auditorio do BADPI (a confirmar)
MacArthur & Wilson na Amazônia?! Ensaios
ornitológicos em biogeografia de ilhas
Sérgio
Henrique Borges
Fundação
Vitória Amazônica
Animais e plantas que habitam ilhas ao redor do planeta sempre
fascinaram filósofos, naturalistas e pesquisadores modernos. A influência das
ilhas no pensamento biológico é claramente ilustrada pelos “insights”
fundamentais que Darwin e Wallace tiveram a partir de suas experiências de campo
nas ilhas de Galápagos e do arquipélago Malaio, respectivamente. A partir do
modelo de equilíbrio dinâmico de MacArthur e Wilson, proposto no fim dos anos 1960,
o estudo da biota das ilhas se consolidou como uma disciplina com explícita capacidade
preditiva. Nas últimas décadas novas sínteses de estudos da biodiversidade em
ilhas aperfeiçoaram o modelo de MacArthur e Wilson, mantendo a biogeografia de
ilhas como uma disciplina dinâmica e estimulante. Mas o que a biogeografia de
ilhas tem a contribuir com o estudo da biodiversidade na Amazônia, um bioma
notório pela continuidade e grande extensão de área ocupada por seus ambientes?
Vários ambientes que compõem o bioma amazônico se manifestam em forma de ilhas
reais (p. ex. ilhas fluviais) ou de hábitats insulares (p. ex. campinas
amazônicas). Atividades antropogênicas deram origem a hábitats insulares como
fragmentos florestais e ilhas em lagos artificiais de hidrelétricas. Além
disso, inundações da bacia amazônica mediadas por incursões marinhas ocorridas
em vários momentos do período geológico, podem ter deixados marcas históricas
na organização da biota atual (ilhas históricas). Nesta palestra são
apresentados alguns resultados de estudos com aves em sistemas naturalmente
ilhados na Amazônia: montanhas guianenses (tepuis) do norte da bacia, campinas
de areia branca ao norte do rio Amazonas e ilhas fluviais do Rio Negro. As
distribuições das aves nestes distintos sistemas apresentaram padrões às vezes
concordantes, às vezes discordantes dos previstos pelos modelos clássicos de
biogeografia de ilhas. Como conclusão preliminar eu acredito que modelos de
biogeografia de ilhas podem ser úteis como marcos referenciais para se estudar
a biodiversidade dos ambientes de natureza insular na Amazônia.